Amigos do meu blog.
Um forte abraço a todos.
Hoje quero contar um pouco da minha vida entre os anos 70 e 80. Em 1973 mais precisamente no dia 27.12.73 eu dei baixa do Quartel da Lapa, onde lá passei um ano a disposição da defesa da minha pátria, mas sobre isso vou postar outro dia, o que realmente quero falar é sobre a minha queda por instrumentos de percussão.
Desde a minha infância, eu sempre gostei de tocar instrumentos de percussão, tanto é, que o meu pai me presenteou quando eu ainda tinha menos de dez anos, com uma espécie de TAROL, ele era de lata, eu dei tanta pancada no coitado que ele chegou a furar em pouco tempo. Eu era conhecido pela vizinhança como o guri barulhento, tudo o que via era motivo para estar tamborilando.
O tempo foi passando eu ingressei no Ginásio Estadual Duque de Caxias, no ano de 1965, quando eu tinha 11 anos de idade, aí começou a minha luta para ingressar na Fanfarra do ginásio a qual tinha como maestro o nosso inesquecível Paulo Stencel. A fanfarra já tinha os seus componentes os quais eram digamos assim, donos da posição, lembro de alguns, como o Odilon Santos o qual tocava o bumbo, aquele instrumento que ficava na frente da fanfarra e ditava o ritmo, no repique tinha o Purga, o Tiquinho, esses caras eram feras e tantos outros que não lembro, os quais faziam a alegria da comunidade nos dias de desfiles. Naquele tempo só tinha a fanfarra do ginásio, (Duque de Caxias), tinham que tocar o desfile para todas as escolas.
Eu não via o dia em que o Seu Paulo Stencel me convidaria para fazer um teste no repique, esse era o meu sonho de consumo, tocar o repique, mas sabia que a luta era ferrenha, pois além de já ter os donos da posição, tinha os filhinhos de papai que para esses eu perderia de goleada na conquista da vaga, a fanfarra ia ensaiar eu tava lá de olho nos caras, até que chegou a minha vez, o Seu Paulo me convidou para tocar um dos instrumentos de percussão, A CAIXA, que na verdade era o tarol, naquela época não sabíamos teoria nenhuma de instrumento nem sequer de música, o nosso negócio era fazer o ritmo para os alunos MARCHAREM, bater o pé direito no chão, mais forte do que o esquerdo.
Depois de muitos ensaios, Seu Paulo me deu a oportunidade de participar da fanfarra, eu quase não dormi no noite do dia em que recebi a notícia, pois eu concorria com um filho de dentista, mas o ritmo estava no meu sangue, e ali eu pude perceber que se você tem habilidade, nenhum filhinho de papai tira o teu lugar em nada na vida, e lá fui eu tocar no desfile do dia 7 de setembro, A CAIXA DE GUERRA, não era o que eu queria, pois ele tem um ritmo só durante o todo o tempo, eu queria algo mais empolgante, pois sabia que podia tocar e ajudar a fanfarra a fazer bonito no desfile. No ano seguinte fui escalado para entrar no grupo dos tocadores de repiques, era um tarol, digamos assim, mais agudo, mais barulhento, a caixa era mais grave. Recebi o repique do componente Purga, o qual já tinha saído da escola e deixado a fanfarra, era tudo o que eu queria. O repique era minusculo, tinha no máximo 20 cm de diâmetro, quando o correto era de 30 cm para mais, então eu mais batia as baquetas nas suas laterais do que propriamente no couro, mas eu sabia que tinha que mostrar a pouca habilidade que eu tinha naquela época, se quisesse ingressar naquele grupo seleto, dos quatro elementos que tocavam o repique, pois eles que faziam as batidas diferentes dos demais instrumentos de percussão, davam digamos assim o colorido no som da fanfarra.
Se não me falha a memória, toquei por 3 anos seguidos, quando um belo dia apareceu o Cabo Melo do Quartel da Lapa, para ensinar outras batidas para a nossa fanfarra, e por força do destino ele precisava de um CAIXA MOR, aquele que iria dar as entradas nas mudanças de batidas durante o desfile, e o escolhido foi yo, pensem na dor de barriga que me deu, pensei, se eu errar aqui a fanfarra atravessa o ritmo e vamos todos para o buraco, mas eu tinha confiança no taco, e o Cabo Melo começou a me ensinar os macetes e os toques diferentes, e eu treinava sozinho para gravar os toques, e lá fomos nós com o grupo e ensaios atrás de ensaios, quando eu estava em casa eu mentalizava os toques, ia marchando e assim eu peguei a coisa e no primeiro desfile, graças a Deus deu tudo certo e nós fizemos bonito, eu era o responsável pelas mudanças de toques, então, tinha que ser cem por cento certo senão, senão...
Uma das tantas lembranças daquela época memorável foi quando eu tentei identificar a minha blusa do uniforme da fanfarra, era um pano vermelho forte com botões dourados, nós não podíamos levar a blusa nem o quepe para casa, vejam na foto abaixo o nosso uniforme, (foto em preto e branco), a escola dava o quepe e a blusa, o restante nós tínhamos que comprar, bem voltando a identificação da blusa, eu por inocência escrevi com caneta azul meu nome com letras bem grande para que ninguém pegasse aquilo que servia para mim, mas acabei escrevendo o nome na gola na parte de fora ao invés de ser por dentro, e o meu nome ficou aparecendo, coisa horrível que ficou, atitude de jovem que não tinha ideia para as coisas.
O tempo foi passando, eu aprendi a trocar as peles dos tambores, eram de pele de animais, creio que do porco, hoje são materiais mais resistentes e que produzem som de melhor qualidade. Lembro que tínhamos que deixar a pele imersa em água fria por várias horas, para depois colocá-las nos instrumentos de percussão, hoje, acredito que se furar uma pele de um instrumento, a nova já vem pronta de fábrica e só substituir no instrumento.
Abaixo uma foto, ainda em preto e branco, uma das poucas recordações em documento que tenho, o maestro era o Sr. Edival Antonio Ribeiro, (in memorian), carinhosamente chamado de Edi, eu sou aquele franzino em destaque bem na direita da foto, ela foi tirada na frente a igreja matriz aqui de São Mateus do Sul-Pr. Ótimas recordações, nós eramos muito felizes.
Mano do céu. Que legal! Quanto detalhes nesta linda recordação. E você nesta época ingressando em um de seus sonhos/dons e eu vindo ao mundo, começando a vida😁. Que bacana. Parabéns! E qual o seu sonho atual? Me conte?
ResponderExcluirObrigado, você me inspira em muitas coisas para a vida, isso é ótimo. Não tenho um sonho específico, mas quero continuar sempre sonhando e correndo atrás das minhas metas de vida, forte abraço e beijos.
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